6 de abr. de 2009

Alunos reivindicam contra licitação na UFPI

Em manhã conturbada, alunos da Universidade Federal do Piauí - UFPI estão fazendo um grande protesto contra o processo de licitação das barraquinhas de lanche e dos pontos de xerox. Segundo os estudantes, no edital do processo é explicado que ganhará a licitação a pessoa física ou jurídica que pagar o maior aluguel. Nesse caso, o mais provável é que os preços dos produtos aumentem, prejudicando os estudantes da instituição.

Com o apoio de alguns professores e mais de 300 alunos, eles fecharam o balão central da UFPI com paus, carros e galhos de árvore, atrapalhando totalmente o trânsito do local. Entre as buzinas, os estudantes utilizam-se de apitos e mega-fones para reivindicarem.

"Estamos aqui desde as 6h da manhã. Já tentamos falar com o reitor, mas ele nunca está e agora avisaram que ele está viajando. Temos o apoio de todos os Centros Acadêmicos. Não deixaremos esse processo acontecer", disse Narah Carter, membro da diretoria do DCE (Diretório Central dos Estudantes).

Após desbloquearem o balão da universidade, os estudantes se dirigiram ao R.U. (Restaurante Universitário), onde pretendiam comer de graça, apenas por hoje, como outra ação de protesto. No entanto, ao chegar se depararam com o cartaz: "Hoje, 2ª Feira, o RU não funcionará para almoço. Motivo: Bloqueio do acesso à unidade de abastecimento e produção da refeição". Revoltados, os alunos divulgaram que souberam por fontes seguras de dentro do próprio restaurante, que o reitor Luiz Júnior ordenou que não seja disponibilizado o almoço na manhã de hoje. O objetivo seria a dispersão dos estudantes e o enfraquecimento da manifestação.

De acordo com informações colhidas pela equipe de reportagem do Portal O DIA, todo o protestou se iniciou quando os alunos obtiveram a informação, junto a empresários dos ramos de fotocópias e lanches, que se o processo de licitação for aceito, as xérox irão aumentar de R$ 0,07 para R$ 0,15.

"E ainda querem trazer o McDonald's e o Bob's pra cá, imagina só quanto nos vai custar esse lanche? O reitor tem que entender que nós somos apenas estudantes de uma instituição pública e deveria lutar para proteger nossos interesses e não o contrário", desabafa um aluno de administração da UFPI.

A proprietária de uma das barraquinhas de lanche, Belita, que está há 16 anos no local, explicou que não é contra o processo de licitação, mas sim contra a forma que está sendo implantado. “Recebemos apenas uma notificação durante as férias, sem diálogo, sem acordo. O reitor não quis receber a gente, nem as vendedoras de bombons estão isentas do processo. A situação é difícil, quem está aqui há mais de 20 anos não terá a mínima prioridade. Sabemos que podemos participar, mas não temos certeza nenhuma que vamos ganhar, até porque há empresas participando”.

A secretária Érica, da reitoria, informou que o reitor está em viagem e por isso não pode atender à manifestação dos alunos. Descontentes e com fome, os estudantes organizaram um novo protesto planejando invadir a reitoria, com direito até a lema: "Se não tem comida, nós vamos almoçar na reitoria". Entretanto, procurando uma forma melhor de articulação, os resolveram fazer uma Assembléia Geral, sentados no chão em frente à sala da reitoria, para discutir os próximos rumos do protesto.

O estudante Frederico Kaiser, do Centro Acadêmico de Economia e conselheiro do Conselho Administrativo (CAD), afirmou que há um projeto feito pelos alunos, junto com os proprietários dos pontos, para ser apresentado ao reitor, como forma de evitar a licitação.

“Temos um projeto, há várias alternativas, uma delas seria o pagamento de aluguel do ponto, os proprietários aceitaram, mas o reitor não quer ouvir. Essas pessoas vivem disso, não podemos fechar os olhos para a situação. Não vamos parar até nos garantirem que o processo será cancelado. Entendemos que essa é uma forma de privatização”.