21 de abr. de 2009

Testemunha imprescindível da defesa some: Manobras para adiar o julgamento?

Exatamente às 10h05, o juiz decidiu, mesmo sem a presença de Daniele Sousa, iniciar o sorteio dos sete componentes do júri. Durante esse sorteio, a defesa de Wendell impugnou todas as mulheres que foram sorteadas, resultando em um júri formado apenas por homens.

Às 10h30, diante da ausência de Daniele Sousa, o juiz cogitou adiar pela terceira vez o julgamento do delegado e, neste momento, a defesa e a promotoria debateram seus pontos de vista. Para a primeira, o julgamento não poderia ocorrer, tendo em vista o atraso da audiência e a ausência de uma testemunha constada nos autos do processo como imprescindível.

Para a segunda, o juiz não tinha motivos para adiar o julgamento, uma vez que estava clara a “manobra” da defesa para atrapalhar a Justiça. O Ministério Público considerou que a conduta do réu e da defesa prejudicava o andamento do processo, pois já seria o terceiro adiamento. Dessa forma, solicitou a prisão preventiva do réu caso o julgamento seja adiado. O juiz negou o pedido, ponderando que a medida não poderia ser tomada “por capricho”.

Pela convergência de idéias, o juiz Antônio Noleto solicitou então que mais uma vez a testemunha fosse procurada. No entanto, a oficial informou que, com base nas informações recém colhidas por ela mesma, Daniele Sousa teria saído de sua residência às 7h da manhã de ontem, portanto uma hora antes do julgamento, acompanhada de um rapaz alto e uma senhora “bem apessoada”.

Tendo em vista os relatos da oficial, o juiz entendeu que foi feito o possível para a busca da testemunha e que, através do Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição o julgamento deve ocorrer. A defesa por outro lado, prometeu recorrer à nulidade do julgamento, pois se ele fosse realizado sem a testemunha imprescindível, estaria fora da legalidade.

Marcela Seabra, prima da vítima, disse que lamentava os vários adiamentos do julgamento, já que não há dúvidas de que a morte de Ricardo foi provocada por Wendell. “Eu lamento tudo que ocorreu antes, mas agora estamos na esperança que tudo dê certo. Ele diz que foi um acidente, mas queremos que a Justiça seja feita, afinal de contas, acidentalmente ou não, ele tirou a vida de um pai de família”.