22 de abr. de 2009

Risco de desabamento: Famílias vivem em situação crítica na zona Norte

Foto por Thiago Amaral
Tatiane dos Santos, 17 anos, grávida de dois meses, mora com o marido, Leandro Freitas, 19, na Rua Manoel de Aguiar, bairro Mafrense, zona norte de Teresina. Quando chove, os dois são obrigados a se mudarem para a residência da mãe de Tatiane, pois a água da chuva invade todos os cômodos da casa do casal. “A gente tem que ir, é o jeito. Ficar aqui não dá porque a água sobe mais de meio metro aqui dentro, em todo lugar. As paredes estão para cair, eu já tenho medo”, declara a jovem.

Leandro e Tatiane não são os únicos a viverem a situação. Oziel Carvalho, 23, também morador do bairro, contou que as principais vítimas são as crianças, que não têm como irem à escola sem passarem pela lama. “Quando chove aqui a água sobe e tudo vira lama, não se tem condições de passar pela rua. Para não deixar as coisas piorarem ainda mais, a gente tirou as pedras da rua lá de cima para colocar aqui, só para poder levar as crianças até a escola”.

Já para a Francisca Brenda, 18, que mora com o marido e a filha de apenas dois anos de idade, a situação é ainda mais crítica. Ela é obrigada a ficar na casa, mesmo quando há inundação. “Eu não tenho para onde ir. O que eu posso fazer? Coloco a menina no colo e espero a água baixar. É o jeito. Mas, está aqui o resultado de ontem: o chão ainda está molhado e tem um pedaço de pau para segurar a parede que caiu pela metade”.

O lado "bom"

Mosquitos, cobras, jacarés, sapos, ratos, caranguejeiras. Todos esses animais são encontrados com frequência pelos moradores do bairro. Como uma forma de “ver o lado bom das coisas”, os homens da rua Manoel de Aguiar caçam esses animais para o almoço.

Durante a reportagem, Oziel Carvalho e mais três moradores foram até o campo de futebol para verificar as tarrafas de pesca que deixaram na lagoa que se forma no local quando chove e acharam dois peixes. “É um pai e um filho”, disse uma das crianças, se referindo ao tamanho dos peixes. “Ganhamos o nosso almoço”, disse Ozael, feliz com o achado e concluiu: “Mesmo na desgraça temos como tirar proveito”.

Segundo Leandro, os moradores estão preparando uma galinha que servirá de isca para a caça de jacarés. Ele disse que é comum encontrar jacarés de todos os tamanhos e que isso é perigoso para as crianças. “É perigoso demais, se uma criança dessa brincar na rua sem ninguém estar olhando, é capaz de morrer atacada por bicho”.