21 de abr. de 2009

Promotoria: "Como um amigo não presta socorro a outro? Ele matou com consciência"

O Ministério Público, representado no julgamento pelos promotores Eni Marques Pontes e Plínio Fabrício de Carvalho, alegava que o crime era caracterizado como homicídio doloso, uma vez que o réu tinha intenção de matar a vítima.

Para começar a explanação dos argumentos, Eni Marques indagou ao júri: “Wendell se dizia muito preocupado com a segurança dos policiais. Então por que, justo no dia do crime, Wendell deixou a delegacia sem armas?”

Na ocasião, o promotor leu partes do depoimento de Daniel, proprietário do bar, que disse em juízo ter visto o crime e também disse que o som ambiente era baixo, uma vez que já passavam de 2h e que por isso deu para escutar a brincadeira de Ricardo. Eni citou ainda que o tiro foi quase a queima-roupa, de acordo com a perícia realizada no corpo.

Para provar sua argumentação, Eni alegou que Wendell, por ser formado em Direito, por ter na época 30 anos, portanto não era um adolescente, por ter treino policial não poderia ter matado a vítima sem ter consciência do que estava fazendo. “Tinha consciência, sim”, afirmou o promotor.

Concluindo a sua fala, ele fez menção ao cantor Milton Nascimento: “Amigo é coisa pra se guardar, debaixo de sete chaves, dentro do coração – não é para sair dando tiros no peito”.

Já o promotor Plínio Fabrício de Carvalho, que falou após Eni Pontes, “muito se quis, por meios ilícitos, que esse julgamento não ocorresse”. Para ele, toda a conduta de Wendell Reis, desde usar a carteira de policial para entrar na boite e se divertir, até o crime de extorsão do qual ele também supostamente teria sido responsável, mostra que ele não tinha boas intenções com a vítima.

Ele fundamentou seus argumentos na frase “Alguns homens não nasceram para ter poder” e numerou todas as infrações cometidas pelo delegado no dia do crime. “Usou de carteirada para entrar na boite e se divertir, bebeu portando arma de fogo, dirigiu após ter bebido, brincou com uma arma de fogo, matou um pai de família e ainda saiu sem prestar socorro. Como um amigo não presta socorro a outro amigo?”.

Também fez parte dos argumentos de Plínio o fato de que Daniel afirmou em seu testemunho que não viu duas armas dentro do carro. O promotor ainda afirmou que as armas eram diferentes, sendo que um Magnum 357 é uma arma restrita à autoridades e que as duas armas possuem munições diferentes.